Álvaro Antônio Nicolau – Psicólogo,

neuropsicólogo e psicopedagogo

 

Setembro amarelo – fonte: https://www.amg.org.br/

Viver o cotidiano no cotidiano é um ato que conjuga no presente, junta-se ao passado e se mostra na perspectiva de um futuro que buscamos conseguir. Tudo ocorrendo no aqui, e, agora, para dar sentido. É um sentido de ser-si-mesmo, vivendo na individualidade com suas forças e articulações num presente referência com o outro, ou um outro que constrói. Até porque as forças são individualizadas, mas segue no condão do outro que me observa e acompanha.

No sentido de “ser-no-mundo” buscar o “ser eu mesmo” pode significar um caminho importante, uma saída significativa. Nunca um sentido pronto e acabado. Somos seres inacabados, e em construção. Uma construção de vida, para a vida pensando em viver a vida que tenho que viver para mim, para minha construção significativa de viver o momento construído, ou seja, viver o que sou e o que tenho. O imaginário está para ser construído e não consigo vive-lo agora, no presente cotidiano. Mas preciso sonhar!
Aos nossos leitores, que com benevolência procuram nos entender pela escrita que lançamos, para nossos pacientes e demais deste “mundo conturbado” que estejam afetados, ou não, pela cotidianidade, olhemos o legado que o próprio mundo nos oferece enquanto “aqui-no-mundo” e não na “fuga-do-mundo” para outro mundo vazio de tudo e cheio de nada. Tudo é muita coisa também, nada também o é. Nossas respostas podem
estar logo ali, num sentido de permanência e de pertinência, mas legado de vida e de viver. Busquemos talvez uma plenitude para o sentido de vida e do viver.
Portanto, saúde mental fragilizada mostra sintomatologia nem sempre visível, sendo, por isso mesmo, saudável e necessário saber reconhecer os sinais de alerta que pode e devem ser, um dos primeiros e significantes sinais a serem reconhecidos. Importante reconhecer sinais como:
 Isolamento
 Mudanças marcantes de hábitos
 Perda de interesse em atividades que gostava
 Descuido com aparência
 Piora do desempenho na escola ou trabalho
 Alterações no sono e apetite
Tais sinais certamente podem indicar necessidade de ajuda.
Portanto neste Setembro “Amarelo” lançamos o alerta: os sinais acima indicam necessidade de ajuda.
Olhe com mais carinho para você e para as pessoas ao seu redor.
Procure ajuda! Procure um psicólogo!

 

Camila Nicolau

Afinal o que é neurociências?

Neurociências é o estudo do Sistema Nervoso Central (SNC) associado a outras áreas do conhecimento (educação, comunicação, humanas, saúde, biologia, etc). Por isso, é chamada de área multidisciplinar.

Mas o que a tal de neurociências tem a ver com aprendizagem?

Tudo. Entender o SNC é compreender como a informação caminha pelo cérebro e, então, saber que funções estão sendo ativadas e quais ainda precisam ser melhoradas. O entendimento da neurociências facilita a compreensão do que desenvolver em cada época para facilitar a aquisição de conhecimentos mais complexos no futuro.

Por exemplo, sabe-se que o desenvolvimento sensório motor é primordial para todo o controle dos sentidos. Tendo domínio motor sobre braços, pernas, boca, olhos, entre outros, é possível permitir que outras habilidades se priorizem. Fica mais fácil entender quando se coloca na prática.

Quando na clínica nos deparamos com diversos casos de dificuldade de leitura, percebemos um padrão de dificuldade de controle inibitório no momento da atividade. Como essa dificuldade se manifesta? Mexe muito pernas e braços. Levanta constantemente e anda de um lado para o outro no momento da leitura. A pergunta que se faz é: como ocorreu essa estimulação sensorial na primeira infância? A criança foi ensinada a ter controle motor sobre o corpo? Entendeu que determinadas atividades exigem certo tipo de comportamento para as pernas e braços? E os olhos, foram treinados a se moverem?

Entendo que não se pode generalizar, cada caso é um caso. No entanto, casos de disfuncionalidade executiva gerariam tal comportamento, por se tratar o controle inibitório uma função executiva. Cabe aqui uma reflexão sobre o que estamos ensinando a nossas crianças que vivem em um mundo com tanto estímulo eletrônico e tantas coisas prontas que desaprenderam a fazer e esperar pelo resultado.

Quanto tempo seu filho passa em frente ao celular? Videogame? Televisão? Ele foi ensinado a passar um tempo com livros? Jogos de tabuleiro? Sentar e conversar?

Que valor de vida está sendo passado às crianças? Que sentido de mundo estamos destinando a essa geração fast food, microondas, delivery?

A neurociências no processo educacional pode ajudar a transformar a aprendizagem. Permitir uma transformação na forma de ensinar e aprender. Valorizar as habilidades necessárias para cada fase. Valorizar o engatinhar, rolar, socializar, lateralidade, correr, pular e deixar que a leitura e escrita se desenvolvam na época que precisa ser desenvolvida.

                                                                                                                                                                                                  Álvaro Antônio Nicolau

Psicólogo / Psicopedagogo / Neuropsicólogo

Alzheimer é uma doença das mais comuns de demência em todo o mundo. Suas causas ainda não são por demais conhecidas, todavia ela se apresenta em fases na conformidade do estagio da doença. 

É uma doença neurodegenerativa crônica manifestando-se de forma lenta agravando-se ao longo dos anos.

O sintoma mais comum e inicial é a perda/rebaixamento da memória de curto prazo sendo comum a dificuldade de lembrar acontecimentos recentes, mas ao longo do tempo os sintomas aumentam e pode levar à morte. Embora isso, os primeiros sintomas da doença muitas vezes não são devidamente identificados podendo levar ao atraso do diagnóstico, bem como para a devida orientação do paciente e de sua família.

No desenvolvimento da doença, é importante o conhecimento das fases do Alzheimer principalmente porque ajudará a família na identificação dos sinais de seu desenvolvimento de forma mais precoce visando garantir o acompanhamento mais adequado em relação à pessoa afetada.

Há uma evolução ao longo do tempo num período indeterminado podendo  manter-se assintomático por alguns anos.

II – FASES

– Pré-demência

Esta é uma fase na qual os sintomas são bem sutis sendo muitas vezes atribuídos, de forma equivocada, ao envelhecimento natural ou ao estresse.

Seguindo esse caminho, se identificado qualquer sinal, deve-se avançar nos cuidados.

Portanto, em havendo, nesse momento, qualquer suspeita de doença de Alzheimer, deve-se procurar atendimento médico, que fará primeira análise, quando se procurará aplicar testes neuropsicológicos que permitem revelar sintomas da doença.

Isso poderá antecipar em até oito anos antes de a pessoa cumprir os critérios para diagnóstico de Alzheimer.

Há uma progressão dos sintomas sendo, por isso, importante, a identificação antecipada dos sintomas para as intervenções subseqüentes.

Além da perda de memória recente, essa fase pode incluir sintomas como mudanças sutis na atenção, apatia, irritabilidade e sintomas depressivos.

– Estágio Inicial ou leve

É o primeiro estágio, e os sintomas de pré-demência estão presentes. Neste estágio, de demência de Alzheimer leve, os sintomas se agravam e a pessoa poderá apresentar-se com dificuldade para encontrar palavras, desorientado no tempo e no espaço e com dificuldades para tomar decisões, afora a dificuldade com a memória recente. Poderá ser identificado com rebaixamento cognitivo de múltiplos domínios, ou não.

– Estágio intermediário

Nesse estágio, ficam mais evidentes no dia-a-dia as dificuldades como esquecimentos de fatos mais marcantes como o nome de pessoas próximas; começam as dificuldades com a higiene pessoal e no autocuidado; incapacidade de cozinhar e cuidar da casa; maior dificuldade para falar e se expressar com clareza; podendo surgir alucinações e alterações de comportamento.

-Estágio avançado (terminal)

Este é um estágio critico no qual os sintomas se mostram mais avançados. Também chamado de estágio terminal, segue curso com prejuízo gravíssimo da memória, com incapacidade de registrar os dados e muita dificuldade em recuperar informações antigas, como o reconhecimento de pessoas e locais familiares. 

Questões pertinentes a prejuízos nas funcionalidades – autocuiddo e habilidades instrumentais- aparecem de forma mais severa e o paciente pode já não conseguir alimentar-se normalmente, apresentando dificuldade em deglutir, além de poder haver incontinência urinária e fecal e comportamento inadequado intensificado.

Apesar de significar avanços nessa fase, pode ocorrer ainda mais progressão da doença aparecendo dificuldades motoras exigindo auxílio para caminhar, introdução do uso de cadeira de rodas. Poderá ocorrer desgaste bem maior e o paciente poderá ficar acamado. 

Essa fase é extremamente desgastante e envolve questões muito significativas que envolvem aspectos emocionais envolvendo inclusive a família e os mais proximais acabam por desgastar-se por demais.

Nesse estágio, o paciente apresenta alto risco de desenvolver infecções abrindo-se em muitos casos a necessidade de hospitalização.

Não se registra cura ou tratamento capazes de reverter a doença de Alzheimer, e acredita-se que 70% do risco de desenvolvê-la esteja associado à genética. Outros fatores de risco incluem antecedentes de lesões na cabeça, depressão e hipertensão arterial. 

Entretanto há estudos que apontam que o risco de se desenvolver Alzheimer pode ser diminuído com exercícios mentais, físicos e controle da obesidade.  

-Cuidados

Registramos que a pessoa afetada passa a depender da família e/ou de cuidadores progressivamente. Portanto, é extremamente importante o momento do diagnóstico e orientação da família e quanto mais cedo a doença é identificada, melhor o prognóstico do paciente e da dinâmica familiar.

As orientações aos familiares e cuidadores são de  importância impar buscando a saúde emocional e o controle  dos níveis de estresse das pessoas envolvidas porque o impacto  social é alto, e reflete aspectos culturais e econômicos que uma doença como essa pode causar.