DEPRESSÃO

 Álvaro Nicolau
Psicólogo/ Neuropsicólogo/ Psicopedagogo

É sabido pelos estudos pertinentes, que a depressão afeta 10% da população mundial. Caracteriza-se por sentimentos constantes de tristeza profunda, apatia, perda de interesse em atividades prazerosas, tudo por um período de tempo (registros em estudos apontam que por um mínimo de duas semanas).

 

Ouve-se, às vezes, “isso é frescura. Ah! Comigo não!Vamos tomar uma que passa.Vou te levar num lugar ali que você vai voltar outra pessoa”. Ocorre , pelas manifestações informações que a depressão em muitos sentidos é vulgarizada. Passa a não ser olhada instrumentalmente como deveria ser. Vão dando sentidos diferentes à sua ocorrência. Pensa-se no fazer-fazer. Perde-se na indiferença. Até porque “a coisa” ganha proporções assombrosas em relação ao ser-no-mundo, pois os valores se invertem, e o sentimento, a emoção, ganham pejorativos no cotidiano.

 

Na verdade, seja clinicamente, seja pelas ocorrências cotidianas, não se deve brincar com a depressão, pois é uma doença séria, exige tratamento e afeta consideravelmente a vida social e profissional das pessoas, além de prejudicar as relações e capacidade no desenvolvimento de tarefas mais simples.

 

De certo que a depressão também poderá ser a referencia para potencializar outros problemas de saúde da pessoa, além de ser referência para desencadear e/ou agravar outras questões não menos importantes que passam pela saúde física.

 

Nesse contexto registramos problemas no sono como uma das referencias diretamente ligadas à depressão – seja por conta do excesso ou falta- com prejuízos na manutenção das atividades da vida diária.

 

Quando se fala nos seus sintomas, podemos mencionar diversos deles que podem estar presentes: apatia; perda de interesse por atividades prazerosas; problemas com a concentração e memória; vive-se uma sensação de falta de energia;  baixa autoestima;  há certo sentimento de culpa; perda ou diminuição da libido; irritabilidade e ansiedade; pensamento de morte; pensamento suicida (pode passar, ou não ao ato); alterações no sono, com insônia ou sonolência excessiva; aumento ou diminuição do apetite.

 

Num sentido mais amplo, precisamos associar que há algum problema quando pelo menos dois desses sintomas, ou mais, estão presentes por mais de duas semanas. Aí devo sinalizar e abrir um alerta.

 

É adequado frisarmos que a tristeza da depressão é diferente da tristeza do luto, por exemplo. Além do mais, depressão é diferente de tristeza. Isso porque em determinados casos muitas pessoas consideram como depressão ou que a pessoa está depressiva ligando a estados emocionais passageiros de tristeza.

 

Podemos pensar a tristeza como um sentimento natural pelo qual sentimos, por exemplo, nossas perdas, ou sofrimentos e ressignificamos memórias, para superar algum episódio mais específico. Indica que a tristeza exige uma causa como a morte de um ente querido, ou mesmo a perda de um emprego, o término de um relacionamento, dentre outros. Assim uma causa é evidente para a tristeza havendo um processo de luto misturando-se boas lembranças às tristezas como uma onda de sentimentos que se movimenta num vai e vem, que vem e vai, perdurando por certo tempo.

 

A tristeza é um sentimento mais duradouro por conta da felicidade (algo que nos deixa feliz) e nossa volta ao estado natural, e tristeza, como um movimento que nos requer mais tempo para superar. Portanto, a tristeza é um sentimento mais passageiro com sua duração em dias e não semanas, do contrário deve-se acender alerta, onde a apatia, desesperança, indiferença e desgosto podem surgir e permanecer de modo a indicar uma depressão.

 

CAUSAS

 

Embora sejam diferentes, conforme destacado, a depressão pode ser ocasionada pela tristeza, quando não superada. Nesse sentido de identificar o que é significativo, é importante voltar o olhar para si mesmo com a atenção necessária e procurar ajuda especialmente quando algo parecer sair do controle.  Certamente que as informações são importantes para compor uma anamnese. Assim, a predisposição genética, alterações nos processos químicos cerebrais e fatores socioambientais são significativos, e podem contribuir para o desenvolvimento da depressão.

 

Devemos monitorar a insônia, pois poderá gerar uma depressão. Registros mostram que os fatores genéticos podem aumentar em até 70% para o desenvolvimento da depressão – mãe, pai com depressão a chance de desenvolver depressão aumenta. Registramos também a situação de estresse emocional prolongado ou de grande intensidade, são agentes estressores, que envolvem insatisfação no trabalho, rompimento de casamento de muitos anos, morte de alguém, traumas físicos ou psicológicos, problemas do peso e até mesmo o uso abusivo, mais desenfreado de redes sociais (nomofobia) podem ser questões para sua instalação. Podemos acrescentar que o estilo de vida da pessoa é um fator importante que pode levá-la ao processo depressivo, pois aumenta os riscos. Nesse campo mencionamos o sedentarismo, aumento do uso de açúcar, consumo de substâncias tóxicas ao organismo, álcool, drogas e até mesmo alguns medicamentos.

 

Mas não existe somente um fator determinante  para indicarmos a depressão. Sim um somatório de fatores que vão minimizar a capacidade do cérebro de reagir a determinados eventos facilitando a ocorrência de sintomas mais prolongados e, na sequência, a depressão.

 

 DIAGNÓSTICO

 

O diagnóstico é médico, que, certamente, buscará conhecer o paciente, numa entrevista, sobre sua vida e os acontecimentos que compõem sua historia. O médico com base nos relatos poderá sugerir a realização de exames complementares dentre eles a avaliação neuropsicológica especialmente quando aspectos cognitivos estão envolvidos. Após, é indicado o melhor tratamento, que dependerá da intensidade da depressão (leve, médio, grave). São dois grandes aliados do tratamento, os antidepressivos e a psicoterapia.

 

As características da doença, sua intensidade, o conjunto das informações médicas, serão ponto determinante do tratamento, e a melhor forma de tratamento vai ser determinado, normalmente, pelo médico.

 

Aqui, com o uso medicamentoso existem tabus que precisam ser quebrados porque levam pacientes a resistirem ao seu uso. Um antidepressivo, ao contrário do que pessoas pensam, não é receitado com objetivo de manter o paciente dependente dos remédios. Ao contrario. Os medicamentos auxiliam numa recuperação mais acelerada com o sentido de que num determinado período consiga, por si só, retomar, ou levar uma vida mais saudável e sem uso de medicamentos.

 

O processo terapêutico pode ajudar o paciente,  e uma das formas  é o pensamento e a atitude prática no dia-a-dia da pessoa,  é a existência da pessoa fluindo no sentido mais funcional no seu sentido-de-ser-no-mundo.

 

Então, a união da atenção médica com a intervenção psicoterápica, é fonte principal para a recuperação da pessoa. As intervenções não seguem padrão eterno e um objetivo é estabelecido com a superação do quadro depressivo.

 

Para os pacientes depressivos é importante a recomendação de que deve seguir as recomendações médicas e dos psicoterapeutas para a mudança do estilo de vida.